O norte-americano Richard H. Thaler, de 72 anos, recebeu o Prêmio
Nobel de Economia 2017 por ter desenvolvido a teoria da
contabilidade mental, explicando como as pessoas simplificam a
tomada de decisões financeiras. De acordo com a organização, ele
venceu o Nobel "por suas contribuições para a economia
comportamental". O anúncio foi feito na manhã desta segunda-feira
(9) em Estocolmo, na Suécia.
Thaler incorporou pressupostos psicologicamente realistas em
análises de tomada de decisão econômica. Ao explorar as
consequências da racionalidade limitada, das preferências sociais e
da falta de autocontrole, ele mostrou como esses traços humanos
afetam sistematicamente as decisões individuais, bem como os
resultados do mercado financeiro.
O comitê do Nobel disse que Thaler foi um pioneiro na aplicação da
psicologia ao comportamento econômico e em esclarecer sobre como as
pessoas tomam decisões econômicas, às vezes rejeitando a
racionalidade.
Thaler disse nesta segunda-feira, após o anúncio do prêmio, que a
premissa básica de suas teorias é: "Para fazer uma boa economia,
você deve ter em mente que as pessoas são humanas".
Na divulgação do prêmio, Thaler foi citado por ter deixado a
economia "mais humana". O vencedor receberá o prêmio equivalente a
US$ 1,1 milhão.
Perguntado sobre como gastaria o prêmio em dinheiro, ele respondeu:
"Esta é uma pergunta muito engraçada." E acrescentou: "Vou tentar
gastá-lo tão irracionalmente quanto possível".
No anúncio da premiação, a Academia Real Sueca de Ciências,
organizadora do Prêmio Nobel, afirmou que Thaler construiu uma ponte
entre as análises econômicas e psicológicas da tomada de decisão
individual. "Suas descobertas empíricas e suas idéias teóricas têm
sido fundamentais para criar o novo campo de economia comportamental
e em rápida expansão, que teve um impacto profundo em muitas áreas
de pesquisa e política econômica".
Thaler é considerado um dos grandes nomes da economia
comportamental, que estuda como o pensamento e as emoções afetam as
decisões econômicas individuais e o comportamento dos mercados.
Thaler é diretor e professor na Chicago Booth, a Universidade de
Chicago Booth Escola de Negócios.
Racionalidade limitada
Thaler desenvolveu a teoria da contabilidade mental, explicando como
as pessoas simplificam a tomada de decisões financeiras criando
contas separadas em suas mentes, enfocando o impacto de cada decisão
individual e não seu efeito geral. Ele também mostrou como a aversão
às perdas pode explicar por que as pessoas valorizam ainda mais o
que possuem. Thaler foi um dos fundadores do campo das finanças
comportamentais, que estudam como as limitações cognitivas
influenciam os mercados financeiros.
Falta de autocontrole
Thaler também lançou luz sobre as resoluções de Ano Novo que podem
ser difíceis de serem concretizadas. Ele mostrou como analisar os
problemas de autocontrole usando uma espécie de planejador, que é
semelhante aos métodos que os psicólogos e os neurocientistas usam
para descrever a tensão interna entre o planejamento de longo prazo
e a execução de curto prazo.
Ele entendeu que as pessoas relutam em poupar hoje, mas aceitam
guardar parte dos seus rendimentos futuros para a aposentadoria,
como o próximo aumento de salário.
Segundo ele, sucumbir à tentação do curto prazo é uma razão
importante para os planos feitos para a velhice ou para as escolhas
de estilo de vida mais saudáveis falharem. Em seu trabalho, Thaler
demonstrou como o "cutâneo", conceito que ele criou, pode ajudar as
pessoas a exercer melhor seu autocontrole ao economizar para a
aposentadoria assim como em outros contextos.
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