A Bolsa de Valores de São Paulo
(Bovespa) teve os maiores ganhos entre as principais bolsas do mundo
em 2009. Até terça-feira, o índice MSCI Brasil avançava 120,9%, ante
118,8% do MSCI Indonésia, segundo dados do banco americano Morgan
Stanley. Se comparado com índices de países como os Estados Unidos e
o Japão, a diferença é imensa. Nos pregões americanos, a valorização
era de 25,4% e nos japoneses, de 6,7%.
Essa série de termômetros do mercado acionário global foi criado
pela MSCI Inc., divisão do Morgan Stanley. É a medida mais usada
pelos investidores para comparar as bolsas porque adota referências
semelhantes e elimina a influência das moedas locais.
A valorização do real frente ao dólar contribuiu de forma
significativa para colocar a Bovespa no topo do ranking mundial.
Ontem, último pregão de negociação do ano no mercado brasileiro, o
dólar fechou cotado a R$ 1,743, com uma queda acumulada no ano de
25,35%.
Foi a maior desvalorização nominal da história da moeda americana
frente ao real, segundo a empresa de informações financeiras
Economática. Em 2003, marco do primeiro recuo do dólar frente a
moeda brasileira, a queda fora de 18,23%.
Depois de iniciar 2009 abaixo dos 40.244 pontos, o Índice da Bolsa
de Valores de São Paulo (Ibovespa) chegou a 68.588 no último pregão
do ano - alta de 82,66%. Foi de longe a melhor aplicação financeira,
seguida dos fundos de renda fixa, cuja rentabilidade média foi de
apenas 8,12% no ano.
Com isso, o Ibovespa se aproximou do pico de 73.516 pontos atingido
em maio de 2008, antes do acirramento da crise global que derrubou
as bolsas ao redor do mundo.
A recuperação das bolsas veio com a volta do apetite dos
investidores estrangeiros, desencadeada pelas políticas de diversos
governos de combate à crise, que elevaram a quantidade de dinheiro
em circulação no mundo e reduziram de forma significativa as taxas
de juros domésticas.
O excesso de dinheiro levou a uma recuperação em vários países, mas
o movimento foi mais forte em mercados emergentes, mais protegidos
da crise, e que também tradicionalmente oscilam mais. O Brasil é um
caso exemplar: tanto a alta da bolsa em 2009 como a queda do dólar
foram das maiores alcançadas no mundo.
A redução de 5 pontos porcentuais na taxa básica de juros (Selic) ao
longo do ano (de 13,75% para os atuais 8,75% ao ano) foi destaque na
economia brasileira. O País foi pouco afetado pela crise, devido à
força do seu mercado doméstico, que foi vitaminada por medidas
anticíclicas do governo federal, como a redução do Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI) dos carros, materiais de construção
e eletrodomésticos.
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